E quando eu lembro, apenas abaixo a cabeça e fecho os olhos. Sentada na janela, ouço o som das folhas ao vento, vejo as pessoas passar. Uns com sorriso de orelha a orelha, sem reclamações. Outros com seus problemas no fundo do peito e mantendo em silêncio, percebo, ninguém os grita aos sete ventos. Talvez assim que era pra ser. Talvez estejam apertando o passo pra chegar em casa, tirar o casaco, encostar numa parede, agaixar e começar a chorar. E perguntam "Porque eu?" ou então "Por que não eu?" - E nunca, nunca encontram a resposta. Rezam antes de dormir. Aguardam pelo sol do dia seguinte, com a esperança de um dia melhor. Finalmente um dia normal, mas o normal não faz apagar as angústias, e no meio do dia seus sorrisos são quebrados. E mais uma vez apertam os passos, e as mãos também, marcando as unhas em sua palma. Param no meio do nada, olhos voltados ao chão, perderam o ar. Olham para o céu e sabem que alguém está olhando e que os sonhos não se perderam, apenas estão em um lugar esperando, e uma lágrima cai. O que resta é andar novamente, com calma, em silêncio, com sua dor. Pelo menos por hoje, não farei parte desse grupo. Apenas vou ficar em minha janela, com a mente vazia. Abaixarei a cabeça e fecharei os olhos novemente escutando o som das folhas ao vento e sentindo o vento no rosto, sem mais ver as pessoas passar, sem mais pensar no que passei.Mari contou.
Inspiração e fundo musical: Wash Away-Matt Costa


